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  • 03.10.20
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Dança circular uma prática bem sucedida na prevenção de queda, antes da pandemia

Departamento Municipal de Saúde de Ribeirão Bonito

Apresentação da INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA:

A população idosa representa um número crescente de pessoas ao redor do mundo, especialmente nos países em desenvolvimento. À medida que envelhecem as pessoas apresentam um risco significativamente maior de experienciar um evento de queda e de sofrer uma lesão como consequência deste evento.

A queda é um evento acidental que tem como resultado a mudança de posição do indivíduo para um nível mais baixo, em relação a sua posição inicial, com incapacidade de correção em tempo hábil e apoio no solo.

As consequências decorrentes de quedas têm grande impacto na autonomia e qualidade de vida do idoso, pois podem levar à restrição da mobilidade, incapacidade funcional, isolamento social, insegurança, medo de cair e ocorrência de novas quedas.

Em Ribeirão Bonito durante a semana de prevenção de quedas, muitos idosos relataram ter medo de cair, e vários idosos relataram ter sofrido mais de uma queda nos últimos 6 meses. O maior número de relatos de queda aconteceu no bairro das Malvinas, que é o bairro de maior vulnerabilidade social e que, coincidentemente, não tinha nenhuma atividade física sendo ofertada para a população. Após esse alerta, já no início do segundo semestre de 2019, foi proposto um trabalho de prevenção de novas quedas e estes idosos do bairro das Malvinas foram convidados a participar. Além de ações educativas, a dança circular, introduzida no SUS como parte da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em 2006, foi o recurso terapêutico escolhido, já que, durante esta atividade, são trabalhados aspectos físicos importantes para prevenção de quedas como a lateralidade, o ritmo, o equilíbrio e a consciência corporal, além de reduzir o isolamento social.

Apresentação do OBJETIVO (s):

Promover entre o público da Terceira Idade ações educativas sobre a prevenção de quedas.

Estimular a mudança comportamental para um estilo de vida saudável: não fumar, consumir álcool moderadamente, manter um nível aceitável de atividade física.

Atentar sobre os obstáculos em nosso meio e sugestões para modificações nas residências evitando que os idosos estejam expostos à riscos ocultos;

Ofertar a dança circular na unidade de saúde do bairro das Malvinas PSF Anita Bove;

Avaliar os participantes quanto aos episódios de queda no início e ao final da experiência;

Apresentação da METODOLOGIA:

A população idosa foi inicialmente convidada a participar de uma palestra sobre a prevenção de quedas. Com estímulo à mudança comportamental para um estilo de vida saudável: não fumar, consumir álcool moderadamente, manter um nível aceitável de atividade física. Também atentar sobre os obstáculos em nosso meio e sugestões para modificações nas residências evitando que os idosos estejam expostos à riscos ocultos. O público alvo eram os homens e mulheres acima de 60 anos, independentes. A equipe de trabalho contava com a fisioterapeuta da rede municipal de saúde e a enfermeira e três agentes comunitárias de saúde do PSF Anita Bove.

Para participar era preciso responder a um questionário. Os participantes precisavam responder perguntas a respeito de quantos episódios de queda aconteceram nos últimos 6 meses.

A dança circular foi ofertada 3 vezes por semana no período de 6 meses. A equipe que conduzia a dança era formada pela fisioterapeuta e as agentes de saúde do PSF Anita Bove. Cada encontro durava em média 30 minutos e contava com um apanhado de danças, coreografadas em músicas folclóricas e também em cantigas de roda que povoaram a infância destes idosos. Entre as cantigas escolhidas estava a cantiga da boneca de lata, que na sua letra canta: “Minha boneca de lata bateu a cabeça no chão, levou quase uma hora pra fazer a arrumação, desamassa aqui, pra ficar boa...”. A música traz, de forma lúdica, o tema da queda e suas consequências, permitindo sempre um espaço para relembrar o tema da prevenção de quedas que era nosso objetivo nestas atividades.

Ao final de 6 meses, os participantes assíduos foram convidados a responder novamente o questionário relatando o número de episódios de queda que ocorreram durante estes períodos.

Apresentação do RESULTADO (s):

23 idosos participaram do trabalho educativo inicial, participaram da dança e responderam ao questionário, sendo que 5 homens e 17 mulheres, com média de 67 anos.

No questionário inicial, em relação aos episódios de queda, do total de 23 idosos participantes, 17 participantes relataram mais de um episódio de queda nos últimos seis meses. Após a intervenção apenas 6 idosos relataram episódios de queda.

O número de idosos participante das atividades aumentou no decorrer dos meses, sendo que na última roda do ano contabilizamos 32 idosos. Os idosos puderam se apresentar em mais de uma ocasião, em eventos do departamento da saúde, com isso foi possível observar a melhora da autoestima e a motivação dos idosos para vir para atividade, sendo que os novos participantes chegavam a convite de outros colegas, ressaltando a importância da atividade para o fortalecimento do vínculo e melhora do isolamento social.

Foi nítida a melhora na coordenação motora, no equilíbrio, na lateralidade durante a realização dos passos da dança. A memória também foi um aspecto desenvolvido, já que que algumas coreografias tinham passos mais elaborados e ao final do ano todos conseguiam realizar.

Apresentação das CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Com base nos resultados apontados, pode-se concluir que a dança circular contribuiu efetivamente para a melhoria do equilíbrio, da lateralidade, coordenação motora, memória, refletindo na diminuição dos episódios de quedas relatados. Além disso foi possível observar que a dança circular vai além do físico, ela trabalha outros aspectos importantes para saúde do idoso como a concentração, a memória e, principalmente, diminui o isolamento social, que é muito comum em idosos após episódios de queda.

Todos estes benefícios permitem uma melhora significativa da qualidade de vida dos idosos e tornam a Dança circular uma atividade atrativa para este público.

BIBLIOGRAFIA

MINISTÉRIO DA SAÚDE (2010). Atenção à Saúde da Pessoa Idosa e Envelhecimento. Ministério da saúde, Brasília D. F.

OPAS (2005). Envelhecimento ativo: uma política de saúde. World Health Organization. Brasilia, DF.

ZIMERMAN D. E. (1997). Fundamentos teóricos. Em: Como trabalhamos com grupos. Artes Médicas. Porto Alegre.

RAMOS, R. C. L. Danças circulares sagradas: uma proposta de educação e cura. Triom, 2002. São Paulo.